Especialistas afirmam que os professores precisam aprender a usar o software livre como uma ferramenta pedagógia
Vai além da infraestrutura o avanço das escolas públicas
brasileiras na área da tecnologia. Às vésperas da 14ª edição do Fórum
Internacional Software Livre (FISL), que ocorrerá entre 3 e 6 de julho,
em Porto Alegre (RS), o Grupo de Trabalho (GT) focado em educação chama a
atenção para a falta de capacitação dos professores.
É o terceiro ano consecutivo da realização do GT, que
tem o objetivo de aproximar escola e software livre. Integrante do grupo
e criador do sistema Pandorga Linux (sistema Linux com softwares
pedagógicos que podem ser usados pelas crianças nas escolas ou em casa),
Rainer Krüger acredita que o grande desafio no setor é a capacitação de
professores. “A dificuldade não é ter software livre nas escolas, mas
sim saber usá-lo como ferramenta pedagógica”, diz.
O governo espera que o
simples fato de ter os
equipamentos nas escolas
fará com que eles sejam
utilizados, mas falta a
formação dos professores
Rainer Krüger criador
do sistema Pandorga Linux
Para Krüger, o uso do software livre vai muito além da
questão técnica. "Nós buscamos estimular a liberdade de pensamento e a
disseminação do conhecimento para todos os níveis escolares. Este GT
mostra, de forma prática, como se pode construir qualquer conhecimento
de forma democrática e aberta”. Enquanto o software proprietário tem a
mesma visão da escola “antiga”, em que o aluno recebia tudo pronto e era
passivo em relação à aprendizagem, o software livre coloca o aluno e o
professor dentro do processo de criação, incentivando a troca de
conhecimento e a construção participativa do conhecimento.
Krüger considera que, mesmo com as escolas razoavelmente
equipadas em termos de tecnologia, faltam medidas preparatórias para os
professores: “O governo espera que o simples fato de ter os
equipamentos nas escolas fará com que eles sejam utilizados, mas falta a
formação dos professores, um projeto pedagógico que inclua o uso dos
ambientes, o suporte técnico e mesmo a participação da comunidade para
tornar este processo efetivo”, analisa.
Segundo o último Censo Escolar, de 2012, no ensino
fundamental da rede pública, 48,6% das escolas têm laboratório de
informática, enquanto 45,8% contam com acesso à internet. A situação é
melhor no ensino médio, onde 92,4% das escolas públicas possuem
laboratórios de informática e 93% acesso à internet. Nos dois casos, há
mais laboratórios de informática que bibliotecas.
A tecnologia está aí, é livre,
mas precisa de pessoas
capacitadas para saber usá-la
Ana Cristina Mattecoordenadora
do GT sobre educação
Coordenadora do GT Educação, Ana Cristina Matte também
vê na atuação dos professores a chave no processo do uso de softwares
livres no ensino: “A tecnologia está aí, é livre, mas precisa de pessoas
capacitadas para saber usá-la”. Mais do que isso, Ana Cristina
considera que o professor precisa ser sujeito ativo na produção dos
softwares, pois eles podem adequar o ambiente online à necessidade local
e, assim, resolver problemas específicos de cada região.
O GT também propõe uma aproximação entre especialistas.
“O grupo de trabalho serve para professores entrarem em contato e
trocarem experiências”, conta Ana Cristina. Além disso, o fórum focado
na educação serve para dar visibilidade a projetos voltados para a área
que antes, espalhados entre variados grupos de debate do FISL, não se
integravam.
Projetos
Diversas iniciativas educativas nasceram no FISL, entre eles o projeto SL Educacional, que tem como finalidade traduzir, organizar e produzir documentação sobre softwares livres que possam ser utilizados na área educacional; o Instituto Paulo Freire, que usa prioritariamente softwares livres ou de código aberto em todas as suas atividades; a Rede de Intercâmbio de Produção Educativa, projeto de produção colaborativa e descentralizada de imagens e sons para a educação básica; e o projeto Recursos Educacionais Abertos Brasil, que tem como missão prover inovação em política pública de educação e na forma de pensar e garantir o acesso ao conhecimento necessário à educação de qualquer indivíduo.
Diversas iniciativas educativas nasceram no FISL, entre eles o projeto SL Educacional, que tem como finalidade traduzir, organizar e produzir documentação sobre softwares livres que possam ser utilizados na área educacional; o Instituto Paulo Freire, que usa prioritariamente softwares livres ou de código aberto em todas as suas atividades; a Rede de Intercâmbio de Produção Educativa, projeto de produção colaborativa e descentralizada de imagens e sons para a educação básica; e o projeto Recursos Educacionais Abertos Brasil, que tem como missão prover inovação em política pública de educação e na forma de pensar e garantir o acesso ao conhecimento necessário à educação de qualquer indivíduo.
A estas iniciativas, somam-se o grupo Texto Livre,
coordenado por Ana Cristina, que tem como objetivo principal promover um
campo de pesquisa e produção interdisciplinar no uso das tecnologias
livres para o ensino; e o Pandorga Linux, de Krüger, sistema que
pretende fazer do computador uma forte ferramenta para auxiliar no
processo de aprendizagem da criança e já registrou mais de 30 mil
downloads e uma comunidade de 4 mil membros, além de fazer parte do
Portal do Software Público Brasileiro (ambiente de compartilhamento de
softwares proporcionado pelo governo brasileiro que já conta com mais de
60 soluções voltadas para diversos setores). Novos projetos ainda vão
se juntar a estes: conforme Krüger, pode faz parte do GT qualquer
iniciativa que relacione software livre ou pensamento livre com
educação.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao/,6cc6bd46b085f310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html, acesso em 26/06/2013.
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